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Somos uma organização marxista revolucionária. Procuramos intervir nas lutas de classes com um programa anticapitalista, com o objetivo de criar o Partido Revolucionário dos Trabalhadores, a seção brasileira de uma nova Internacional Revolucionária. Só com um partido revolucionário, composto em sua maioria por mulheres e negros, é possível lutar pelo governo direto dos trabalhadores, como forma de abrir caminho até o socialismo.

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Aldeia Maracanã: uma vitória, mesmo que parcial e temporária!



A importante mobilização do sábado passado (12/01) na Aldeia Maracanã conseguiu uma vitória contra o governo Sérgio Cabral e o plano do conjunto da burguesia brasileira de transformar o Rio de Janeiro numa cidade só para turistas, expulsando das regiões centrais os trabalhadores mais pobres.

O fator decisivo da vitória foi que rompemos o cerco da mídia empresarial e a tentativa de remoção foi denunciada pelos movimentos nas redes sociais. Diferente da questão negra, a questão indígena tem felizmente uma repercussão internacional. E o governo Sérgio Cabral não se arriscou a "comprar barulho" com todo mundo que ia ficar apontando aquele massacre da cultura indígena.

Pra quem não sabe, a Aldeia Maracanã é uma ocupação do movimento indígena no prédio onde funcionou o Museu do Índio, até 1978. Depois de mais de 30 anos abandonado pelo Estado, o mesmíssimo Estado diz que, como o prédio está abandonado, tem que ser demolido!

A mesma cara de pau de Sérgio Cabral, ao dizer que chamar a Aldeia de Aldeia é "deboche". Que idiotice! Todo mundo sabe que o nome é simbólico. Do mesmo jeito que a gente chama o Sérgio Cabral de governador, sabendo que quem manda no Estado é o Eike Batista!

Como não poderia deixar de ser, a Globo distorceu a história até ela virar o contrário, "índios invadem canteiro de obras da Copa"!

Mas a vitória é parcial e temporária. A reintegração de posse saiu. Temos que multiplicar muitas vezes mais a solidariedade e não ter nenhuma ilusão, o Estado não vai cumprir nem as próprias leis.


Para superar as ilusões, é preciso entender que existe uma luta dentro do próprio movimento indígena. Não podemos ser preconceituosos e idealizar que as mesmas divisões que existem em todos os movimentos não existem lá. Uma ala do acampamento tem a perspectiva de disputar o Estado por dentro, através da luta dentro da FUNAI.

Essa ala reformista foi a que caiu na influência das ONGs e dos parlamentares do PSOL, Marcelo Freixo e Renato Cinco, que chegaram quando o clima era de resistir, pra jogar água fria e falsas promessas. Logo apareceu uma proposta de que a gente esperasse sentado se a polícia invadisse, o que significaria prisões em massa.

Infelizmente, como resultado do retrocesso político provocado pelo fim da URSS, existem setores do movimento que acreditam de forma infantil que é possível lutar pacificamente até a vitória. Além disso não ter acontecido em nenhuma luta real (a independência da Índia foi "conquistada" por um acordo entre Gandhi e a Inglaterra, mantendo o país em estado semicolonial), é absurdo igualar a violência de quem reprime por dinheiro com a violência de quem está simplesmente tentando garantir a sua vida e moradia!

É lógico que era impossível vencer o BOPE na base da porrada. Mas deveríamos sair, se fosse o caso, sem nos entregar em massa à violência policial, e deixando bem claro que a polícia estava agindo com violência desnecessária, ilegítima e ilegal. E sem provocar a polícia, que usaria qualquer garrafa dágua que fosse jogada como pretexto pra espancar e desocupar.

Freixo e o Cinco, junto com parte dos militantes indígenas, insistiram numa "negociação" com o governo, como se isso fosse resolver tudo. Às seis da tarde, deram a luta como ganha e falaram que as pessoas já podiam ir embora, que até segunda estava garantido, o que esvaziou a Aldeia. A tragédia do Pinheirinho mostra mais uma vez que não se pode confiar na justiça dos ricos! 

No meio da tarde ainda apareceu uma estranha proposta: transformar a Aldeia em uma loja de produtos da cultura indígena. Ou seja, negociar a derrota!

Tudo isso não impediu a vitória parcial. Mas é preciso avançar muito, não só politicamente, mas também na organização, pra impedir a remoção da Aldeia.


Uma tarefa imediata é a defesa da readmissão dos operários do canteiro de obras, que foram demitidos porque se solidarizaram com o movimento indígena!

Moral da história: se a Aldeia Maracanã estiver cheia de militantes dia e noite, isso vai fortalecer a ala que quer resistir e não aceita "trocar" o prédio por alguma outra coisa! Por isso é a obrigação de todos os que se revoltam contra o massacre físico e cultura dos povos indígenas apoiar essa luta até a vitória definitiva!

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