QUEM SOMOS NÓS

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Somos uma organização marxista revolucionária. Procuramos intervir nas lutas de classes com um programa anticapitalista, com o objetivo de criar o Partido Revolucionário dos Trabalhadores, a seção brasileira de uma nova Internacional Revolucionária. Só com um partido revolucionário, composto em sua maioria por mulheres e negros, é possível lutar pelo governo direto dos trabalhadores, como forma de abrir caminho até o socialismo.

terça-feira, 3 de abril de 2012

Especial Dia Internacional da Mulher, parte 3 de 3: A divisão sexual e racial do trabalho político e a luta pelo feminismo socialista

A maior consequência na esquerda revolucionária provocada pelo refluxo das lutas das mulheres foi o abandono dessa mesma luta. As organizações se tornaram mais machistas, passaram a transformar a luta das mulheres num assunto cada vez mais secundário, quase que só nos dias de festa. Além do mais, essa atitude deixou mais livre ainda para os setores sem perspectiva política a hegemonia no movimento de mulheres.

Então, as organizações voltaram a considerar novamente como natural o que tinham combatido na etapa revolucionária da virada da década de 1960: a divisão sexual e racial do trabalho político.

Como as organizações revolucionárias não existem fora da sociedade capitalista, machista e racista, eles sofrem uma grande pressão para funcionarem seguindo essas mesmas regras. Assim como o machismo joga as mulheres trabalhadoras ou para o trabalho doméstico ou para o trabalho manual menos especializado, e joga os negros para o trabalho braçal, na maioria das organizações as mulheres ficam com as tarefas “internas” (finanças, organização etc), e os negros ficam com tarefas sindicais, enquanto a elaboração política e a formulação de teoria costuma ficar para os homens brancos.
A luta contra essa divisão é uma das grandes tarefas para uma organização revolucionária. Sem essa luta, é impossível ter um papel construtivo nas lutas das mulheres.


Conclusão: a luta pela libertação das mulheres dentro do movimento

Como uma organização revolucionária numa etapa histórica reacionária, o Coletivo Lênin não deixou de sofrer a mesma pressão. O balanço da nossa intervenção em relação à questão da mulher tem sido péssimo, quase inexistente. Não conseguimos nem mesmo acompanhar os atos e campanhas mais importantes, e praticamente não levantamos as palavras de ordem dentro dos movimentos. Não estamos falando isso por masoquismo, e sim porque a questão da mulher é estratégica para a revolução socialista, e temos falhado no nosso trabalho com ela.

Parte dos nossos problemas tem a ver com a corrente teórica e política do trotskismo que reivindicamos até 2011, o espartaquismo. A Liga Espartaquista (EUA) corretamente criticava o feminismo burguês, que considerava que a questão da mulher poderia ser resolvida através de medidas legislativas e igualdade formal. Também criticava o feminismo pequeno-burguês, que tinha uma orientação de ação direta, mas colocava a contradição como se fosse entre mulheres (de todas as classes) e homens (de todas as classes). Mas a Liga Espartaquista rejeitava a própria ideia de “feminismo”, como se não pudesse existir uma análise específica da questão da mulher. Isso levou eles a ficarem presos às formulações da Internacional Comunista dos anos 1920, sem incorporarem as novas formulações teóricas do feminismo socialista, que é a corrente do feminismo que considera que a questão da mulher só pode ser resolvida através da luta de classes dos trabalhadores pelo socialismo.

Por isso, como parte da nossa autocrítica sobre o tema, nós passamos a reivindicar o feminismo socialista, tanto na teoria como na política.

Isso significa, desde já, uma orientação para o estudo crítico das teóricas do feminismo socialista, como Clara Fraser e Myra Tanner Weiss (que mostraram como o abandono da luta das mulheres teve um papel na crise do movimento trotskista), Sulamith Firestone e Maria Rosa Dalla Costa (que analisaram o papel do trabalho doméstico na reprodução do capital) e Marie Mies (que aplicou a teoria da acumulação de Rosa Luxemburgo à questão da mulher, mostrando que as mulheres são a “última colônia” da expansão capitalista).

Mas a teoria deve estar a serviço das lutas. Para nós, a questão da mulher deve ser discutida em todas as organizações sindicais, populares e estudantis. Devemos organizar em todas as campanhas políticas as mulheres da classe trabalhadora, assim como discutir as suas reivindicações específicas dentro dos movimentos. No nosso caso, isso significa principalmente o movimento sem-teto e estudantil. Nesses movimentos, devemos combater o machismo e lutar por um programa democrático e socialista:

    • Creches, restaurantes e lavanderias nos locais de moradia e trabalho, financiadas pelo lucro das empresas e controladas pelas usuárias!
    • Contra a violência machista! Que o movimento crie redes de solidariedade e autodefesa para as mulheres!
    • Todos os direitos trabalhistas para donas de casa e empregadas domésticas!
    • Legalização do aborto na rede pública de saúde!
    • Nenhuma repressão contra as prostitutas! Contra a exploração capitalista da prostituição pelos cafetões e a polícia!
    • Por uma política sexual proletária para denunciar a repressão sexual das mulheres na sociedade de classes! Nenhuma censura à livre expressão da sexualidade lésbica! Nenhuma lei contra a pornografia e as relações sexuais consensuais!
    • Luta contra os estereótipos machistas nos meios de comunicação, igrejas e escolas! Contrapropaganda feminista e socialista através dos meios de comunicação do movimento!
    • Libertação das mulheres através da revolução socialista!
    • Por um partido revolucionário dos trabalhadores, com maioria de mulheres e negros

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